domingo, 27 de dezembro de 2015

O valor da amizade

Hoje na Rússia tive o prazer de encontrar-me com um velho camarada com quem me correspondo há 10 anos, mas só conheci ano passado.

Almoçamos juntos, conversamos bastante pelo caminho, de carro, e visitamos um dos pontos mais altos da Nova Arbat, trata-se de um prédio que muda de cor constantemente, ao menos nesse período agora de fim de ano. De lá pude ter uma vista de boa parte da cidade de Moscou, incluindo o Kremlin, a Catedral de Cristo Salvador, o Hotel Ucrânia, dentre outros prédios famosos.






quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Entrevista com entusiasta do Brasil na Rússia


O descobridor da Rússia revela tesouro cultural da Rússia, o Hermitage


O Hermitage é um conjunto de prédios históricos da Rússia, sendo o maior deles o Palácio de Inverno, antiga sede do governo russo dos tempos do Império. Lá estão situados os tronos de Pedro, o Grande, fundador de São Petersburgo, e de Nikolay II, o último tzar da Rússia. O Palácio de Inverno foi tomado pelos bolcheviques e transformado em museu acessível a todos os cidadãos.








domingo, 20 de dezembro de 2015

Em São Petersburgo

Você sabe que está em São Petersburgo e não em Moscou quando:
- Em vez de roupas de marca da Itália você vê lojas de roupas da Finlândia
- Quando em vez de Ferreiro Rocher você vê chocolates finlandeses
- Quando em vez de lojas de calçados italianos você vê lojas de calçados alemães
- Quando além de gorros tipo "esqui" você vê um grande número de russos usando ushanka
- Quando você vê um número expressivo de russas usando cabelo curto, muito curto
- Quando a maioria das russas são loiras, isto é, com cabelos muito claros (em alguns lugares do Brasil qualquer mulher branca é chamada de "loira")
- Quando as placas nas ruas possuem designação em inglês
- Quando no metrô você chega rápido na maioria dos lugares qualquer lugar
- Quando o vagão é chamado de "tram", em vez de poezd
- Quando no metrô você usa uma moedinha em vez de passar cartão recarregável
- Quando há canal pra tudo quanto é lado na cidade
- Quando você encontra mais músicos amadores no metrô

Visita à Catedral de Santo Isaque, na Rússia


Um passeio pela Catedral de Santo Isaque.

A catedral de Santo Isaque (Isaakievskiy Sabor) é um dos principais cartões postais de São Petersburgo, junto com o Ermitaj, o monumento a Pedro, o Grande, e outros.


Ela foi construída com o intuito de ser uma das principais catedrais de São Petersburgo e de toda a Rússia, nos tempos do Império, e tal como praticamente toda a cidade de São Petersburgo, ela não foi construída por arquitetos russos, mas por arquitetos ocidentais, no caso por um francês chamado Monferrant. E isso ajuda em parte a entender por que os ocidentais falam tanto de São Petersburgo, mas raramente de outras cidades russas, pois São Petersburgo foi construída sob o reinado de Pedro, o Grande como uma "janela para o Ocidente", uma forma de copiar Versalhes e os canais de Veneza, prédios da Holanda, e ao mesmo tempo uma resposta do tzar Pedro aos boiardos, que chegaram a matar membros de sua família quando ele era um garoto. Pedro fez de tudo para humilhar a nobreza russa, obrigou-os a vestir-se como ocidentais, a cortar as suas barbas, motivo de orgulho dos boiardos russos, e mudou a capital de Moscou (considerado um lugar de conspiração e confusão) para São Petersburgo. Ele queria realmente humilhá-los, e São Petersburgo foi essa resposta, cidade que ficaria vinculada ao nome da dinastia Romanov, uma ruptura com Moscou, fundada por um representante da dinastia dos Rurikidas, descendentes de Ryurik, o ruivo, um variegue (viking da Rússia).

São Petersburgo é uma forma de dizer, "ei, vocês do ocidente, nós temos uma cidade aqui para mostrar que na Rússia tem gente que acha vocês caras muito legais", e isso explica o entusiasmo de muitos ocidentais com cidades como São Petersburgo, em vez das cidades do Anel Dourado, por exemplo, que tem as cidades mais antigas da Rússia dos tempos em que se fazia igrejas de madeira. Além disso São Petersburgo está cheia de placas bilíngues, com inscrições em russo e na escrita latina, em inglês, o que do ponto de vista do autor dessas linhas não é algo positivo, afinal de contas quando estou no Brasil não vejo nada em russo, embora haja turistas russos, na Alemanha há turistas russos, mas tudo está em alemão, então por que a Rússia deve ter placas em inglês? Sou particularmente contrário a essa ideia e mesmo a vejo como um insulto, mas é a política da cidade incentivar o turismo mais do que em locais como Moscou, então, como se diz no Rio Grande do Norte, deixe estar. Discutindo o caráter ocidental de São Petersburgo, uma amiga russa (evidentemente fã da cidade) deu um bom argumento, "na Rússia há tantas cidades em estilo russo, São Petersburgo apresenta algo diferente". Aqueles que me conhecem sabem que posso não concordar com o que você diz, mas posso pensar a respeito caso você tenha um bom argumento.

Qualquer pessoa que tem um verdadeiro apreço pela cultura russa, que entende o seu significado sabe bem o que isso significa, para aqueles que querem apenas tirar foto com prédios bonitos isso não faz a mínima diferença. Qualquer pessoa que sabe bem o significado da palavra "ocidente", historicamente falando, sabe que "ocidente" significa a tentativa de subjugação da cultura russa, tentativas forçadas de converter o país ao catolicismo, cruzadas, invasões suecas, alemãs, polonesas, cavaleiros teutônicos, Napoleão, Hitler, imperialismo americano.... E isso não apenas para a Rússia, mas também a destruição e subjugação de povos inteiros nas Américas, Ásia e África. Mas ao contrário desses lugares, falar na Rússia é falar na luta pelo direito de ser diferente!

Mas deixando um pouco de lado a política, claro que nisso há algumas vantagens para o ocidental, pois ele terá mais importância no desenvolvimento cultural e econômico do que talvez teria noutras cidades. E depois, não esqueçamos que não é por acaso que São Petersburgo é uma capital cultural, nela moraram grandes nomes como Dostoyevskiy, Tolstoy, Pushkin, Gorky e outros. As estações de metrô dedicadas a eles são muito mais bonitas e expressivas do que a de Moscou. Além disso, sempre que alguém insistir na pergunta do porquê de você ir à Rússia mais de uma vez, depois de São Petersburgo você pode dizer que esteve numa "cidade europeia" e assim parecer mais eclético e "open minded" como os ocidentais adoram se descrever (por mais que muitas vezes não o sejam).

Mas voltemos ao arquiteto. O fato é que independente de sua nacionalidade o francês desenhou uma bela igreja, independente do fato de que ele tentou ao máximo adaptar uma típica arquitetura católica para um contexto ortodoxo. Vemos na foto abaixo um busto de Monferrant (clique para ampliar).



Agora vejamos um pouco do seu trabalho. Esse é o exterior da catedral de São Isaque. Aqueles que leram o nosso artigo sobre a ortodoxia podem questionar algumas imagens na catedral, mas não se trata de "imagens" enquanto objeto de reverência, mas meras ilustrações de valor arquitetônico, mas não sacro:




Porta principal da catedral. Não se entra por essa porta, há uma entrada para o museu, paga-se 350 rublos, cerca de 20 reais, você pode tirar fotos no interior.


Maquete do conjunto arquitetônico




A Catedral de Santo Isaque possui várias pinturas que ilustram diferentes momentos da história do cristianismo. Arriscaria dizer que muitas, senão todas, são trabalhos de pintores ocidentais, lembrando muito as pinturas do Vaticano. Uma amiga que esteve na Itália comentou a fortíssima influência italiana nas catedrais de São Petersburgo. Lembramos ao leitor que fotografar o interior de uma "catedral" ortodoxa é um luxo que nós temos, pois a princípio não se pode tirar fotos em catedrais, especialmente após o escândalo do Pussy Riot. (Clique para ampliar)








Aqui nós percebemos como o artista, ciente do fato de que a Igreja Ortodoxa não contempla imagens esculpidas, tentou dar um efeito 3D a imagens pintadas, isso há centenas de anos. Notemos que nessa representação, como em outras da catedral, a cruz aparece em estilo romano (já explicamos aqui a diferença entre a cruz romana, a grega e a russa). Embora a ortodoxia também use a cruz romana, ela não é comum (o mesmo pode ser dito da cruz ortodoxa russa no catolicismo romano).


Turista russo contempla o iconário da catedral, que traz, dentre Jesus e outros santos, São Dmitri Donskoy, a Mãe de Deus, e outros.

Teto da catedral em maiores detalhes:



O "Descobridor da Rússia", abrindo-a para todos que não tiveram a oportunidade de descobri-la, ou já o fizeram, mas querem relembrar, com um pouco de óleo no rosto, após uma missa no dia de São Nicolau:


Altar com o ícone da Mãe de Deus (Bogoroditsa), representada com o menino Jesus



Detalhe do lustre da catedral



Porta da catedral vista do interior



Uma particularidade da catedral é que ela teve um papel muito importante durante o Cerco de Leningrado, um dos episódios mais difíceis da IIGM na União Soviética, quando a cidade foi inteiramente cercada de tropas nazistas alemãs vindas da Noruega e Finlândia, além de outras direções, passou fome e frio, mas não se rendeu, é que o pátio e o jardim que antecede a catedral foi usado para a instalação de artilharia antiaérea, para defender a cidade dos bombardeios da Luftwaffe. Muitos soldados do Exército Vermelho abrigaram-se na catedral.



Tendo durante muito tempo sido apenas um museu, a Catedral de Santo Isaque voltou a celebrar missas a partir de 2008, num pequeno trecho da catedral. Aqueles que até ela vão apenas como turistas assim o são, porém há aqueles que respeitando a Santa Tradição tiram o chapéu, usam o véu e participam da essência da Catedral, no trecho reservado à celebração da missa, quando podem. É um local de grande riqueza cultural, histórica, arquitetônica e religiosa.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O Museu das Armas de Tula

Apesar de ter menos de 500 mil cidadãos, a cidade de Tula é mais velha que o Brasil. Lembremos que não foi longe de lá que os russos decidiram pela primeira vez num campo de batalha não mais ser escravos da Horda Nogay, a Horda dos tártaros, derrotados pelo Grão-Príncipe Dmitri Donskoy. Isso garantiu à cidade e à região de Tula uma tradição militar que até hoje permanece viva, honrada através de seus monumentos e museus. Lembremos ainda que essa honra foi mantida vida durante os anos difíceis da IIGM, quando a cidade ganhou o título de cidade-herói, pela proeza de seus cidadãos, que pouco armados conseguiram deter uma unidade do Exército Alemão.

O museu medieval mantém a tradição de luta de Tula viva e impressiona a todos que vão até essa cidade e aos que nela habitam.


Abaixo o lendário ferreiro Demidov e o Museu das Armas, em formato de elmo de cavaleiro russo



Abaixo um monumento ao tzar Pedro, o Grande, responsável por reunir em Tula os melhores ferreiros armeiros da Rússia




Abaixo alguns veículos militares instalados no Museu das Armas de Tula por ocasião dos 70 anos da vitória sobre o nazismo. Embora sejam feitos para a guerra, é graças a eles que as crianças na Rússiam podem ir à escola, em vez de viver em porões para se proteger de ataques de artilharia (como ocorre no Leste da Ucrânia) ou podem tomar sorvete com os seus pais, em vez de passar como como ocorre na África devido às incontáveis ingerências do imperialismo europeu naquele continente. Lembremos que ao contrário dos países da Europa Ocidental, a Rússia jamais teve colônias na África.




                                          

                                          


Fotos de um amanhecer em Tula, na Rússia

Muitos brasileiros têm um sonho, de poder deixar os seus filhos irem à escola sozinhos, saber que ele irá voltar com segurança, que nas ruas, mesmo que ele ande com um pouco mais de coisas ele não irá se deparar com um ladrão, de andar pacificamente nas ruas, sabendo que elas são as suas ruas, e não as ruas de ladrões e criminosos da pior espécie.

As fotos a seguir mostram um amanhecer tranquilo na cidade de Tula, em pleno inverno russo. Deveria haver neve, mas a manhã foi ensolarada e prazerosa, todas tiradas do apartamento onde fui hospedado.