sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Como desperdiçar um bilhão em um filme

Resenha do filme "O viking" (2016)
Ontem assisti à superprodução russa "O Viking", fechando assim, no antepenúltimo dia do ano, o "Ano do Cinema Russo". A princípio não diria que foi um filme ruim, mas quando soube que o orçamento foi de mais de um bilhão de rublos e que foi filmado num período de 6 anos, com duas horas e meia de duração, também não posso dizer que foi um bom filme como "O Terremoto" (Zemletryassyenye) ou "Os 28 imortais de Panfilov" (28 panfilovtsev), filmados com um mísero milhão de dólares.
O filme é baseado tanto em sagas islandesas dos vikings na Rússia quanto em fontes russas, tendo pretensão histórica. Em termos de qualidade visual e reconstrução histórica o filme é excelente, pois a Rússia provou que sabe filmar como Hollywood, e nisso está a força desse filme. Os quadros são realmente bonitos, tanto no inverno, quanto no verão, outono e primavera. Nele não há nenhuma romantização da Rússia medieval, há sujeira e ambientes sombrios em Kiev, os camponeses usam roupas comuns, e não belas "kossovorotki". A antiga capital russa é apresentada em seus primórdios e mais se parece com uma grande tribo indígena numa colina, na qual Vladimir chega com os seus mercenários vikings do outro lado do mar e assume o poder local após a morte de seu pai, após um exílio forçado na Suécia. No aspecto linguístico, o filme deu um enorme salto! Nada de diálogos sobrepostos por uma voz simultânea, mas diálogos em sueco, língua dos vikings, e grego, durante a chegada do Império Bizantino, todas com legendas em escrita de bétula, além disso, diálogos em russo, claro. O filme ajuda a despertar interesse na história russa, civilização de mais de 1000 anos. Além disso, nenhum outro filme russo traz atrizes russas tão bonitas quanto as do filme, uma delas a princesa Rognyeda, que não é russa, mas bielorrussa. As armaduras dos vikings, dos arqueiros montados petcheneg e especialmente da guarda pretoriana bizantina, incluindo a armadura dourada escamada do imperador bizantino, chamado "romano", são surpreendentes, assim como as cenas de batalha, que são mais de um terço do filme. Sem dúvidas, um épico supostamente fadado a ser um "Coração Valente" da Rússia, pelos críticos até foi chamado de "Game of Thrones" russo. Não podemos esquecer do grande número de cavalos no filme, em um país cujo mapa se assemelha a um cavalo, e que graças ao cavalo alcançou enormes proporções, fosse pelos cossacos do Império ou pela Cavalaria Vermelha. Mas com tantas expectativas, quais os problemas desse filme?
Se muitos que assistiram aos "28 imortais de Panfilov" reclamaram que no filme não se pronuncia URSS e "soviético", pode-se reclamar que em "O Viking" não se pronuncia o termo "russo" e nem mesmo "Rus". Além disso, o próprio nome é uma incógnita... Apesar do filme trazer vikings, eles não são os personagens principais e nem mesmo o motor da trama, apesar de serem personagens-chave. Vladimir, filho de uma escrava que defende à força o seu direito ao trono de Polovotsy e de Kiev, luta contra um de seus irmãos, vingando a morte de um deles, com a ajuda dos vikings, mas ele próprio não se porta como um viking. Aliás, tanto Vladimir quanto os vikings são personagens muito fracos, pouco carismáticos! Os atores, sem dúvidas, fizeram um excelente trabalho, incluindo a estrela russa Danila Kozlovsky, que está quase todos os filmes russos agora, o problema é o roteiro dado a eles, que oferece ao espectador personagens rasos, sem carisma. Dois personagens, entretanto, se destacam na atuação, um deles é o canadense John DeSantis, que interpreta um beserker viking. Aliás, um papel perfeito para o mais alto ator do Canadá, mais de 2 metros. É surpreendente quando no momento de uma das batalhas, sai o berseker com um enorme martelo de guerra bradando gritos em sueco e usando pele de lobo, o personagem brinca com as crianças numa cena bastante espontânea, criando uma empatia a despeito do seu pouco tempo de cena. Outro personagem carismático é Fyodor, um guerreiro honrado cuja fé é diferente dos kievenses e dos vikings ao seu redor, o cristianismo. A sua fé e devoção surpreendem ao então pagão Vladimir, inclusive no momento de sua morte, quando Fyodor morre após lutar contra uma multidão de pagãos que queria sacrificar uma criança viva, para que o ídolo pagão concedesse mais vitórias ao povo de Kiev. É uma cena muito bonita e bastante comovente. Mas nessa cena, o diretor perdeu uma enorme chance de fazer arte! O que é arte? É a verdade contada através de uma mentira. Hoje Kiev é capital de um país inventado no século XIX, a Ucrânia, isto é, russos que não se consideram russos e se arrependem de tal, tornando-se assim presa fácil para os adversários políticos da Rússia. Um dos aspectos de Kiev hoje é o fanatismo da Maydan, similar ao fanatismo dos crentes pagãos exibidos no filme, o diretor perdeu uma excelente oportunidade para contar ao mundo os crimes do regime de Kiev do ditador Porshenko e das Hordas do Praviy Sektor em Kiev, sacrificando inocentes em nome de seu "deus pagão" do fanatismo e da guerra. O diretor não fez a lição de casa com o imortal diretor Einsenstein, que com o fantástico clássico "Alexander Nevsky" conseguiu mostrar ao público, no século XX, as barbáries do fascismo alemão através de uma história do século XIII envolvendo os Cavaleiros Teutônicos e a Ordem Livônica. Ressalte-se que diretores dos EUA até hoje estudam os filmes de Einsenstein para aprender a filmar e dirigir em Hollywood. É uma grande ironia que em sua terra natal, a Rússia, ele parece ser ignorado. Filmes como "Alexander Nevsky", "Ivan, o Terrível", ou mesmo "Sadko" trazem diálogos que até hoje são atuais, sobre os quais pode-se pensar, refletir, discutir, e nisso está a força deste tipo de filme, nisso está a sua beleza.

O grande pecado de "Viking" é ser um filme cujo tema é indefinido, a começar pelo título. O filme não é sobre Vikings, de fato eles participam, são personagens-chave, mas não são o motor da trama. Também não sabemos se o filme é sobre Vladimir, já que na maioria das cenas o personagem lembra mais parece o Ronaldo com convulsões durante a partida do Brasil contra a França, ou está tonto, ou está alheio, ou caído no chão... A única cena onde ao ator é dada a oportunidade para que este mostre seus dotes teatrais é durante a cena na catedral ortodoxa grega (que estranhamente aparece com inscrições em latim), durante o momento de sua confissão ante o padre ortodoxo grego. É uma cena silenciosa, reservada exclusivamente para que dois atores demonstrem o máximo de si. Ainda outra atuação marcante é a da personagem Svetlana Hodchenkova, a Viper em "Wolverine Imortal". Pela terceira vez a sua personagem se chama "Irina".
"O Viking" não é um filme ruim, mas é um filme que provavelmente será esquecido em 5 anos ou menos.Se levarmos em conta que esse foi talvez o maior orçamento para um filme russo em 2016, um bilhão e duzentos e cinquenta mil rublos, e, mais do que isso, um filme filmado durante 6 anos, então espera-se bem mais, espera-se um grande épico como "Alexander Nevsky" e "Ivan, o Terrível". Sobre o quê falou "O viking"? Vladimir é um nome marcante na história russa, é o nome do santo cristianizador da Rússia, assim como também do revolucionário que "converteu" a Rússia ao comunismo, Ulyanov, como também é o do presidente que converteu a Rússia num país influente no século XXI, Putin, logo com um nome de tamanha proporção, muito poderia ser dito no filme, o personagem principal poderia ter sido mais vivo.
Sem sombra de dúvidas, o diretor Andrey Kravchuk conseguiu se igualar a Hollywood em termos técnicos, mas talvez por ter se esforçado tanto para superar Hollywood, Kravchuk acabou esquecendo de ao menos tentar se igualar aos grandes mestres do cinema mundial como Einsenstein, com o qual aprendem até mesmo os americanos.

Aleksandra Bortich, atriz bielorrussa que interpreta uma princesa de Polovotsy

Svetlana Hodchenkova, a "Viper" de "Wolverine imortal" e "Pânico no metrô", mais uma vez como "Irina"
O mais alto ator canadense DeSantis como "Beserker viking" em cena de batalha:


Trailer do filme:


domingo, 4 de dezembro de 2016

Armas e acessórios do guerreiro medieval russo


A neve


"Neve... Quando ela cai, parece que tudo ao redor se acalma e toda a terra fica tranquila, como se ela estivesse esperando por algo incomum e lindo. E a alma perece, ficando condicionalmente vinculada à Maravilha, vinculada à tranquila e pura Alegria, que, tal como a neve cadente, cai dos céus em silêncio para a calma terra... para a calma terra dos nossos corações. 
O que é que estimula o coração quando ele vê a neve cadente? É a fina e completamente ímpar pureza exaltada... a pureza de uma incomum maravilha Divina!"

Monge Simeon Afonskiy


Um paladino da guerrilha antinazista


O Padre Fyodor Puzanov, da Igreja Ortodoxa Russa, foi um participante de duas guerras mundiais. Durante a IIGM, juntou 500 mil rublos em diferentes aldeias e entregou-os para a formação de uma coluna de tanques do Exército Vermelho. Também integrou a inteligência da guerrilha antinazista (partizan), condecorado várias vezes, incluindo a medalha "Guerrilheiro da Guerra Patriótica".


O povo saha

Saha, um dos mais de 150 povos que habitam a Rússia. A terra nativa dos povos saha são as ilhas do Extremo-Oriente conhecidas como Ilhas Sahalinas, no Oceano Pacífico.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A bandeira do Japão é comunista?

Há algumas semanas atrás, uma turba de manifestantes histéricos invadiu o Congresso Nacional no Brasil, não se sabe exatamente com que objetivos, fossem esses chamar a atenção, ser apoiados por um general, sair na TV ou qualquer outro motivo. Dentre os manifestantes, nenhum conseguiu tantos holofotes quanto uma mulher, centro de um sensacional escândalo nacional. A mulher histericamente gritava que a bandeira do Japão era uma "bandeira comunista" que o governo brasileiro adotaria. Possivelmente a mulher em foco não era tão insensata quanto parecia, esperamos que nenhum ser humano tenha um intelecto tão baixo e por isso preferimos acreditar que ela apenas ficou confusa ao ver essa foto, na qual os militares do Exército Vermelho (comunista) capturam nas Ilhas Kurilas as bandeiras do Japão, derrotando as forças locais do imperador Hiroito.

O Japão foi um dos países agressores da União Soviética, o extremo oriental do nazismo. Esperamos que a senhora citada vá para uma escola de dança, onde talvez demonstre habilidades para alguma coisa. (Sem ofensa aos dançarinos!)



Um herói negro da Rússia

Como um negro se tornou "o mais incomum herói russo da primeira guerra" e auxiliar do inventor do helicóptero
Marcele Pliat com um sorriso típico dos russos, ostentando duas Ordens de São Jorge, maior condecoração do Império Russo
Comemorou-se há alguns dias atrás no Brasil o Dia da Consciência Negra, e mesmo estando na Rússia, o "Descobridor da Rússia" não podia deixar passar em branco a data. 

No aniversário do jubileu do término da Primeira Guerra Mundial a famosa revista russa "Ogonyok" publicou uma matéria sensacional, sobre um "herói russo", como dizia a manchete, bastante diferente. Na foto, como ele posava com o sorriso típico de um russo, usava um uniforme do Exército Imperial Russo e ostentava duas pomposas Cruzes de São Jorge, então a maior condecoração militar da Rússia. 
Reprodução da medalha de São George com as suas cores típicas
Em janeiro de 1915, o famoso engenheiro aeronáutico russo Igor Sikorskiy, inventor do helicóptero, partiu numa busca para encontrar militares suficientemente instruídos e letrados para operar a sua nova criação, um enorme avião cujo objetivo, ao contrário dos aviões da época, consistia em lançar sobre o inimigo pesadas bombas de grandes altitudes, tratava-se de um bombardeiro, e o nome evocava o nome de um herói dos contos de fada russo, "Iliya Muromyets". Na época era muito raro encontrar homens instruídos na Rússia, na época formada em sua maioria por analfabetos, tragédia descrita por Dostoyevskiy ainda em "Recordações da casa dos mortos". No exército, geralmente só os oficiais, em regra nobres, sabiam ler e escrever. 

Ao convocar diferentes soldados, chamou a atenção de Sikorskiy um que se destacava entre os demais pela cor de sua pele, negra. Ao fazer perguntas ao militar, o negro respondeu a todas em russo, e o que mais impressionava, era dotado da fala e do tom típico de São Petersburgo (na época, a capital), falava como um operário petersburguense, sua esposa era russa. Marcele foi escolhido como um dos tripulantes da poderosa máquina voadora.

Marcele não era africano, sua mãe era da Polinésia Francesa, empregada de um patrão abastado na França, que a permitiu ir ao país europeu com o seu filho. No ano de 1907 os dois foram à Rússia, onde Marcele passaria a estudar e viver. Adulto, Marcele tornou-se operário, vestia-se como um operário russo da época, distinguindo-se apenas pela cor da pele. Marcele, a propósito, não era o único negro no regime do tzar, muitos eram de origem africana, funcionários do Palácio de Inverno, sede cerimonial do governo russo, usavam roupas requintadas inclusive, de causar inveja aos seus colegas do continente americano, geralmente moravam em palácios e tinham uma "sensala" de causar inveja até aos mais bem sucedidos brancos ocidentais e aos próprios servos brancos da própria Rússia.

Retrato de um negro no Hermitage, do qual muitos eram funcionários no século XIX. São Petersburgo é hoje uma das cidades russas com o maior número de afrorrussos. Os descendentes de um desses "negros da corte", se tornariam conhecidos depois, um por ser um fuzileiro naval da Marinha Vermelha, e outra por receber o título e a medalha de "Sobrevivente do Cerco de Leningrado", durante a IIGM.
Quando a Primeira Guerra Mundial estourou em 1914, Marcele foi convocado a servir no Exército Francês, mas Marcele recusou-se a servir nas forças de um país com o qual não tinha mais nenhuma ligação, e assim alistou-se nas forças do país que considerava como a sua nova pátria, a Rússia.

No começo, devido à sua educação, Marcele foi instruído como chofer, mas quando surgiu a Força Aérea, ele transferido para lá. Pliat foi alistado como técnico de motor e soldado-metralhador do bombardeiro "Ilya Muromets". O técnico de motor tinha como obrigação conhecer os princípios de funcionamento do motor, as medidas de segurança e ser apto para efetuar reparos no motor, fosse no solo ou em pleno voo, em caso de avaria. Como metralhador, Pliat tinha como missão defender o bombardeiro de outras aeronaves cuja função primordial é atacar outras aeronaves, os "caças".

Representação gráfica do primeiro bombardeiro estratégico da história, o "Ilya Muromets"
Em 13 de abril de 1916, Plia e seus companheiros foram incumbidos da missão de atacar a estação de Daudzevas, dos alemães. Eles faziam parte da tripulação do piloto Avenir Kostentchik, piloto da aeronave.


Marcele Pliat com seus companheiros da Força Aérea Russa, no que parece ser um hospital militar da IGM
Retrato de um Ilya Muromets modelo D, de quatro motores. As melhoras no avião feitas por Sikorsky, inventor do helicóptero, contaram com a assistência do mecânico-metralhador Pliat.

A estação de Daudzevas possuía forte guarnição, não dando a menor chance para os aviões russos. O "Muromets" foi atingido, o piloto foi ferido, o motor sofreu danos e as asas seriamente danificadas, o que poderia levar à queda da aeronave. Pliat, então, foi até a asa do avião, efetuando reparos em voo, o que permitiu que a aeronave retornasse à base. No solo, os mecânicos contaram 70 perfurações. A tripulação foi condecorada e Marcele foi condecorado com a Cruz de São Jorge pelo seu ato heróico.

Ilya Muromets aterriçado cheio de avarias. Foi a coragem do polinésio Pliat que impediu a queda do avião
Marcele também possuía uma grande pontaria, como metralhador, no outono de 1916, o "Muromets" tinha um novo piloto, o primeiro-tenente Lavrov, que escolheu o russo negro como membro de sua tripulação. A escolha de Lavrov mostrou-se certa, Plia agora operava a metralhadora da cauda do avião. O "Muromets" foi atacado em voo por 3 caças alemães, que o tinham por uma presa fácil, todavia, uma vez caindo no setor de tiro da metralhadora de Marcele, o primeiro foi abatido, o mesmo ocorreria ao segundo, o terceiro decidiu não ter o mesmo destino dos outros dois e retornou à base. Pelo seu feito, a tripulação do "Muromets" foi condecorada mais uma vez, e Marcele recebeu a segunda Cruz de São Jorge.

Plia era respeitado não somente pelos seus inimigos, como também pelos seus chefes, ele ajudou o próprio Igor Sikorskiy a fazer vários ajustes e melhoras em seu avião que depois provaram ser de grande utilidade.

Em novembro de 1916, Marcele já era suboficial sênior, possuindo duas Cruzes de São Jorge, entretanto, aí desapareceriam as suas pegadas. Assim como ocorreu a vários aviadores soviéticos da IIGM, numa guerra de enormes proporções como a IGM, o paradeiro de Pliat foi desconhecido, em especial depois que um fato marcante mudaria completamente o curso da I Guerra Mundial na Rússia e toda a história das forças armadas russas, a Revolução! Em fevereiro de 1917, os liberais derrubaram o tzar Nikolay II, pondo fim à monarquia na Rússia e substituindo-o por um ditador impopular, Alexander Kerenskiy, que optaria por manter a Rússia na Tríplice Entente, contra os desejos do povo e especialmente dos soldados russos da frente de batalha. Mais tarde, o próprio Kerenskiy seria derrubado pela Revolução de Outubro, que firmou a paz com a Alemanha e dissolveu as forças militares do tzar, substituindo-as pela Guarda Vermelha, depois Exército Vermelho, a serviço da Rússia Soviética de Lenin, que também contaria com negros e homens de diversas nacionalidades em suas fileiras.

Marcele Pliat integrou-se à sociedade russa e como membro desta defendeu o país que agora tinha por seu contra o agressor alemão. Era uma guerra sem sentido, na qual a Rússia foi usada pela Inglaterra, mas milhões de camponeses e operários russos lutavam por aquilo que lhes diziam ser correto.

O escritor Lyev Tolstoy, considerado o maior da Rússia, escrevera certa vez, que "o que define um russo não é a cor dos olhos, do cabelo ou da pele, mas sim a sua incapacidade de dormir inquieto com a injustiça". O tzar Pedro, o Grande, possui uma famosa citação segundo a qual "um russo é aquele que ama a Rússia e serve a ela". Com base nesta linha, o renomado jornal russo "Argumenty i fakty" referiu-se a Pliat como "o mais incomum herói russo da Primeira Guerra Mundial".


Fonte: Artigo "Negr s "Muromtsa". Istoriya samogo neobychnogo russkovo geroya Pervoy mirvoy". Extraído da revista russa "Argumenty i fakty" em: http://www.aif.ru/society/history/1463965

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E se o Brasil fosse russófono? (RUS)


...а если Бразилия была бы русскоязычной страной?




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Os 28 imortais de Panfilov: um filme popular sobre verdadeiros heróis

Hoje nos cinemas russos estreou um grande sucesso esperado há 3 anos. Trata-se de um "filme popular", isto é, filmado com o dinheiro arrecadado em "vaquinha virtual", recebendo doações de pelo menos 35 mil pessoas, cujos nomes foram todos exibidos ao final do filme.

O filme fala dos 28 soldados de Panfilov, famosos durante a época soviética por terem derrotado uma unidade inteira de tanques alemães usando apenas armas antitanque e coquetéis molotov, nos subúrbios de Moscou. O filme trata de como homens de várias nações enfrentam com coragem a morte e diante dela se colocam.

Está sendo muito bem aclamado pela crítica, ao contrário de grandes fracassos como "Stalingrado" (versão russa) ou os filmes de Nikita Mihalkov, que costumam contar com um orçamento pelo menos 10 vezes maior do que "Os 28 imortais de Panfilov". Em Stalingrado, por exemplo, não se sabe se é um filme sobre um quinteto amoroso, sobre a Batalha de Stalingrado ou qualquer outra coisa, muitos críticos comentaram que até o filme alemão de 1991 é melhor. 

Em "Os 28 imortais de Panfilov", além do aspecto histórico, os uniformes foram fielmente reproduzidos, assim como os Panzer alemães, tanto comunistas quanto nazistas, os tanques Panzers se transformam na tela em verdadeiras bestas mecânicas, as cenas de batalha são magistralmente filmadas e a trilha sonora é envolvente.

Mais do que todos esses fatores, o filme faz você realmente se sentir na trincheira, passando as mesmas emoções dos soldados, que não é uma sensação de pânico, mas de calmaria diante da morte iminente.

O filme, que a princípio estava destinado a ser apenas um "filme amador" que no máximo reuniria reconstrutores para sair no Youtube, acabou se tornando um sucesso exibido em vários cinemas. Foi assistido pelo presidente da Rússia Putin e o presidente Nazarbayev do Cazaquistão em sessão privada no último país.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Serpente gigante da Rússia chama atenção no Instagram

Um monumento à serpente da montanha (Горыныч змей) figura entre as 9 fotos mais belas do mundo em uma famosa página do Instagram. A foto chamou a atenção de internautas do mundo todo e os russos trataram de explicar que se trata de um ente folclórico da cultura russa, de sua literatura, uma besta dracônica cuspidora de fogo que aterroriza vilas inteiras e possui diversas cabeças. Seu maior rival é o mítico vityaz (bogatyr) Ilya Muromets.

O monumento está localizado numa vila nos arredores da cidade de Lipetsk. Além deste monumento estão outros dedicados a entes folclóricos russos como os "vityazy", os paladinos da Rússia.

Conta-se que os monumentos foram instalados por um milionário, dedicado às pessoas da região. Uma medida simples para chamar a atenção para um lugar outrora esquecido. O monumento da serpente da montanha ainda não está pronto, pois receberá asas complementares à estrutura.



Udmúrtios, o povo ruivo


Sempre achei que quando viesse na Rússia era muito comum ver ruivos. De fato a URSS, em números, era o país com o maior número de ruivos. Com a Rússia, mesmo em cidades mais ao norte como São Petersburgo, predominam os loiros, ruivos, assim como negros, destacam-se facilmente na multidão. Mesmo na Finlândia é raro ver um ruivo, geralmente são loiros os locais. Ruivos são raros em Moscou e São Petersburgo, porém, há uma república da Rússia na qual eles são comuns, a Udmúrtia, cuja capital é Ijevsk, a cidade é famosa por ser o berço do famoso fuzil AK-47.
Ontem conversava com uma garota de lá, que ficou surpresa por eu saber sobre a cidade, então perguntei a ela como são os udmúrtios, e ela comentou que se trata de um povo ruivo. Alguns são ruivos com feições asiáticas, outros com feições europeias, e outros um meio-termo. O próprio Lenin, que nasceu vizinho à Udmúrtia, era ruivo, talvez o único governante ruivo famoso na Rússia, além do fundador da Rússia, o guerreiro Ryurik, o Ruivo. A maioria dos ruivos do meu círculo são da Sibéria ou algum lugar bem ao leste de Moscou.





sábado, 12 de novembro de 2016

Outubro na cidade de 3 revoluções






Agora um pouco de história para os nossos leitores...

São Petersburgo também é conhecida como "A cidade de 3 revoluções". Para alguns isso é muito bom, para outros isso é muito ruim. E por quê?

Ainda durante a Glasnost e a Perestroyka, a URSS conheceu um período de revisão da história. Maria Vladislavovna tem mais 60 anos e comentava, em um encontro do qual participei com um escritor, sobre como a história russa vem sendo reescrita, "antes aprendíamos que revolução era uma coisa boa, hoje aprendemos que revolução é uma coisa ruim", dizia a senhora. Muitos avós e pais na Rússia comentam que seus filhos aprendem uma história completamente diferente daquela que eles aprenderam na escola, é um processo estranho aos brasileiros, exceto talvez para aqueles que estudaram nos anos 60 e 70, quando aprendiam sobre a figura heroica do Duque de Caxias e do Marechal Deodoro, sendo que estes ainda são figuras exaltadas no seio das forças armadas brasileiras, por exemplo, ademais a ausência de um debate histórico e de materiais sobre essas figuras, bem como sobre a Guerra do Paraguai, tornam o debate ainda mais difícil, basicamente limitado a "isso é coisa da esquerda" ou "isso é coisa da direita".

A imagem da Revolução de Outubro na Rússia, entretanto, é cercada de mitos e fatos concretos, ela encontra no meio intelectual um número expressivo de historiadores e politólogos de peso, que defendem o seu papel, mas também aqueles que condenam o seu papel. E ao contrário do que ocorre com certos tabus no Brasil, limitados a "esquerda x direita", na Rússia ambos os grupos são bastante heterogêneos, por exemplo, há alguns nomes de direita, liberais, que defendem a Grande Revolução Socialista de Outubro, ao passo que há alguns nomes de esquerda pró-URSS, evidentemente não comunista, que diz que a Revolução foi "uma tragédia", "irmão contra irmão", ou uma "armação do imperialismo britânico". A parte credos políticos, há que separar o joio do trigo, e dissociar o que é verdade do que é mito sobre a Grande Revolução Socialista de Outubro.

Uma das críticas mais comuns feitos ao ensino de história na URSS é a de que nos manuais de história a história do país começava a partir da Revolução de Outubro, ignorando outros períodos. De fato, a julgar pela experiência do autor deste site, existe um "Manual de história da URSS: período do socialismo 1917-1957", manual raríssimo publicado em português de autoria da Academia de ciências da URSS. Por razões diversas, incluindo o objetivo soviético de superar as diferenças nacionais da URSS através do "homo sovieticus", não há o que lamentar no projeto soviético. Hoje a Rússia discute um projeto de lei que visa definir o que é o russo, assunto controverso na Rússia, seria o tártaro um russo? Seria um judeu um russo? Um buriate é russo? Um alemão do Volga é russo? Essa é uma questão intrigante, lembrando que na língua há três palavras para "russo", o topônimo russkiy (a única nacionalidade, ao lado de sovietskiy, terminada com "skiy") e o topônimo rossiyanin, isto é, "da Rússia", mas não necessariamente o russo étnico. Uns insistem que ser russo é ser "da Rússia e ortodoxo", outros evocam teorias diversas, e alguns até insistem que "russo é ser branco, eslavo, de cabelos e olhos claros". Putin entende a sensibilidade da questão e busca um projeto inclusivo, alguns autores, formadores de opinião, defendem que a Rússia deveria fazer o mesmo que os EUA, Brasil ou a URSS fez, isto é, se nos EUA qualquer um é "americano", seja índio ou anglossaxão, se no Brasil qualquer um é "brasileiro", seja italiano étnico ou negro, se na URSS qualquer um era "soviético", o escritor Nikolay Starikov defende que cada um deve ser "russkiy", e se alguém quer elucidar o seu povo, então que o passaporte contenha uma listra para a nação deste, por exemplo, "russkiy", e logo abaixo, "iacute". Esse debate foi superado durante a era soviética, que, a propósito, adotava esse sistema sugerido por Starikov, lembrando que o próprio Starikov vê a revolução russa (e qualquer revolução) como uma tragédia, a despeito de suas posições pró-soviéticas.


Um mito bastante difundido, frequentemente por grupos nacionalistas e monarquistas é a noção de que "a Revolução Russa destruiu o Império Russo", ou que "Lenin esfacelou a Rússia". Como em qualquer país de grande extensão territorial com um histórico de conquista de territórios, o governante que adiciona territórios tende a ser exaltado, o que perde tende a ser execrado. O mesmo se dá com a Rússia, por isso alguns tendem a gostar de Stalin (que recuperou vários territórios do Império Russo), mas não de Lenin (cujo governo perdeu o oeste da Ucrânia e Bielorrússia para a Alemanha). Ainda, no meio monarquista, existe a noção de que "Lenin derrubou o tzar", ou "Lenin acabou com a monarquia". Esses são dois mitos extremamente populares e completamente falsos, mitos estes criados pelos monarquistas mais reacionários e também por alguns "ultracomunistas" que visam enaltecer o papel de Lenin. Em realidade, o tzarismo, o tzar russo, que em realidade era um aristocrata a serviço das elites financeiras da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, não foi derrubado pelos comunistas, mas pelos liberais, pela Revolução de Fevereiro! Quando os bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno (Hermitage), estes não prenderam o tzar Nikolay II, eles prenderam na "sala dos continentes" o governo provisório de Kerenskiy! Aqueles que visitam o Hermitage podem se deparar numa sala com tapetes que representam os 5 continentes com uma plaqueta histórica na qual está escrito "Aqui, na noite de 25 de outubro de 1917 os bolcheviques, tomando de assalto o Palácio de Inverno, prenderam os membros do governo provisório nesta sala". Digamos que é a "sala mais comunista" do Hermitage, verdadeiro deleite para os fãs da URSS e da Revolução de Outubro. Logo, aqui derrubamos mais um mito, isto é, a monarquia, o tzarismo, o esfacelamento do Império, não foi "obra dos bolcheviques", foi obra dos liberais e dos homens de Kerenskiy, de aristocratas descontentes com a fraqueza do tzar Nikolay II, considerado tanto pelos seus apoiadores quanto pelos seus críticos como um tzar fraco, um tzar pusilânime e despreparado para assumir a direção de um grande Estado. Em realidade, Lenin, longe de desmantelar a Rússia, foi fundamental para manter a sua integridade, e segundo alguns autores como Nikolay Starikov, foi exatamente por isso que ele foi assassinado. Lenin, diz Starikov, jamais foi espião de qualquer Estado, jamais recebeu dinheiro e até hoje jamais foi encontrada qualquer grande soma de dinheiro em suas contas no exterior (exceto uma pequena soma na Suíça, fruto de uma poupança feita no começo do século XX, quando Lenin esteve em Zurique, que por mais de 100 anos rendeu), 

todavia os alemães permitiram a volta de Lenin em um trem blindado e para Starikov os britânicos tinham grande esperança no governo de Lenin, para que este acabasse com a Marinha Russa, o que não ocorreu, e essa teria sido a razão do atentado contra a sua vida. Lembremos que todos os impérios europeus se esfacelaram após a IGM, exceto o britânico (vencedor), e o russo (derrotado), que emergiu como "União Soviética" em 1922.

Assim como o mito da "destruição da Rússia", outro mito sobre a Revolução de Outubro é o de que ela significou "irmão contra irmão", só que a Guerra Civil Russa se deu um ano após a Revolução de Outubro, e contou com o apoio de ao menos 14 países estrangeiros para esmagar o governo vermelho de Lenin, em conjunto com o Exército Branco de Denikin, Kolchak e Wrangel, o "Barão Negro". E a propósito, irmão contra irmão? Os clássicos da literatura russa nos contam sobre a "irmandade" que era o Império Russo, um império no qual aristocratas improdutivos e parasitas viviam no  absoluto luxo dos palácios de São Petersburgo, hoje todos disponíveis à visitação popular, pura ostentação, e os operários e camponeses viviam na mais absoluta miséria, não sabiam nem ler nem escrever e passavam fome sempre que havia crise na colheita não do trigo, mas de uma erva-daninha que misturada ao trigo aumentava a quantia de pão, com baixo valor nutricional. Era uma Rússia do arcaísmo, do atraso, e os camponeses eram compelidos a levar adiante esse modelo, vivendo de forma análoga aos tempos medievais.

Outro mito relacionado à Revolução de Outubro, este contemporâneo, é a sua analogia para com os processos políticos ocorridos na Ucrânia, Geórgia e até no Brasil. O autor deste mito são os cardeais das elites financeiras da Rússia, da chamada "burguesia compradora" que carece de compromisso político com a modernização do país, com o investimento em ciência e tecnologia, e essa elite transforma grandes fábricas construídas na URSS em centros de comércio cheios de importados e em estádios de futebol. Cada vez mais, na Rússia, pessoas deixam sua cidade-natal nos Urais e outras regiões para ganhar o pão em Moscou e São Petersburgo, o exército de operários é trocado pelo exército de vendedores de lojas, eufemisticamente chamados de "gerentes de venda". Assim, pela sua política econômica equivocada, criticada pelo presidente Putin e seus apoiadores e críticos, os oligarcas temem uma revolução, fazendo de tudo para que o termo "revolução" ganhe uma conotação negativa, ignorando a diferença fundamental entre "revolução" (outubro, ou fevereiro de 1917) e "golpe de Estado" (Ucrânia em 2004 e 2013).

O significado da Revolução de Outubro não pode ser esquecido, a saúde e educação para todos, vitória sobre o racismo, vitória na ciência e tecnologia com o envio do primeiro satélite artificial e primeiro homem ao espaço, elevação do papel internacional da URSS e da Rússia, que hoje no mundo exerce um papel de grande relevância na exploração do espaço, em conjunto com outras potência, e constitui contrapeso às políticas agressivas e destrutivas da Casa Branca americana. O legado positivo do Cruzador Aurora, na noite de 7 de novembro em São Petersburgo sobreviverá pelos séculos.



Foi por essa razão que no dia 7 de novembro (25 de outubro pelo calendário velho) milhares de pessoas saíram às ruas em São Petersburgo, comemorando o jubileu de 99 anos da Revolução de Outubro. Dentre os participantes de outros países estiveram comunistas da China, Finlândia e Brasil.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

São Petersburgo e seus sobrenomes dostoyevskianos

São Petersburgo é a cidade com mais nomes estranhos que já vi na Rússia! Antes eu achava que sobrenomes exóticos era coisa de romances de Dostoyevskiy (o próprio sobrenome Dostoyevskiy por si só é exótico, pois na Rússia nunca vi outro Dostoyevskiy além do escritor, apesar de já ter visto vários Tolstoys, Pushkins, Tchehovs...). Quem leu Dostoyevskiy frequentemente se deparou com sobrenomes exóticos carregados de significado na história, por exemplo, o melhor amigo de Raskolnikov (o homem do cisma) se chamava Razumikin (o homem da razão). Um dos personagens dos Irmãos Karamazov é Smerdyakov (o homem da ralé), noutro romance temos Pseudonimov (o homem do pseudônimo).
Recentemente conheci uma garota cujo sobrenome é "Podnebesnaya", daí perguntei se era sobrenome ou apelido dela. Ela responde que não, dizendo que era seu real sobrenome e até propôs mostrar o passaporte. A amiga dela, impressionou-se pela mesma razão. Podnebesnaya quer dizer "Aquela que está sob o céu" (o masculino é Podnebesniy), e verdade se diga, a garota era muito linda!

Já vi Potseluyeva (do beijo), Vaguinov (da vagina), famoso escritor, Griboyedov (nome do famoso canal da cidade onde está a catedral do Sangue Derramado e de Nossa Senhora de Kazan, e também do famoso escritor), isto é, "Fungífago", ou "Aquele que come cogumelo", Fomina (lembra "fominha", que dizem ser típico de São Petersburgo), Chlenov (do "bilau") e outros que já nem lembro mais. Agora se sabe de onde Dostoyevskiy teve a inspiração para tão exóticos sobrenomes!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Uma caminhada por São Petersburgo

Caminhar nas ruas de São Petersburgo pode revelar incríveis tesouros arquitetônicos que impressionam até o pedestre mais desatento, em rotas, digamos, "não turísticas", se é que podemos dizê-lo. A rota tomada foi do centro até a Estação Finlândia, por onde chegou Lenin da Finlândia.
Confira o trabalho fotográfico de "O Descobridor da Rússia" feito no outono de 2016.











quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Russo siberiano fotografa seus soldadinhos de estanho

Que os russos adoram fotografia, todos os leitores do blog Descobridor da Rússia estão carecas de saber. Não é raro ver entusiastas que caçam em mercados de pulga câmeras velhas, mas funcionais, em subúrbios e até depósitos. Mas essa sessão de fotos irá surpreender o leitor.
Soldadinhos de estanho são uma febre na Rússia! Falando como entusiasta, militares da IIGM são muito bem retratados, assim como guerreiros medievais e da Idade Moderna. Alguns dos mais detalhados que já vi são os samurais e legionários romanos. É impossível não pensar em comprar ao menos um deles, pois trata-se de estatuetas ricamente detalhadas, dependendo, claro, do autor, e muitos retratam monumentos da Rússia (A Pátria-Mãe chama), figuras históricas (atamã Bohdan Hmelnitskiy) ou mesmo entes fantásticos (Lich Rei Arthas). O próprio Descobridor da Rússia percorreu o país de norte a sul carregando pelo menos 5 quilos de chumbo (alguns deles são em parte feitos de chumbo) para ter ao lado o seu orgulho pessoal. Algumas estatuetas são praticamente impossíveis de ser achados em certos lugares, por exemplo, alguns modelos de Moscou não podem ser achados em São Petersburgo e vice-versa.
A forma como cada um se relaciona com os soldadinhos é diferente, uns preferem-nos sem nenhuma tintura, outros dão banhos para deixá-los dourados, outros pintam com as cores originais, etc. Entretanto, um russo siberiano fez algo incomum! Num concurso dedicado aos 71 anos da Grande Vitória, ele fez uma sessão fotográfica os seus soldadinhos de estanho. Confira:

O último herói do sul dos Urais: MIHAIL MEDYAKOV

O homem que mudou a história do mundo: espião-residente ISAK AHMEROV

Atire, garotinha! Sniper NATASHA KOVSHOVA (Integra a coleção do Descobridor)

Caçador de "Tigres". Caça-tanques NIKOLAY HUDYAKOV

Um contra um batalhão: sniper VASILIY ZAYTSEV

Onde há Fz Navais há vitória! Marinheiro IVAN GOVORUHIN


O metrô e suas novidades

Quem trabalha com os anúncios no metrô tem notável senso de humor.

Espólios da Alemanha...


Enfim consegui uma foto dessa máquina! Estudiosos da IIGM vão entender.
Era o mais usado pelos nazistas. Como reparação de guerra foram tomados pelos comunistas. Se os atuais são alemães ou russos não sei.
A Rússia é cheia desses caminhões, geralmente usado para cargas leves.



O monumento a Yessyenin do Jardim de Táurida


Toda sociedade tem um costume que lhe é peculiar. Apesar de simples hábitos, na Rússia descobri que eles têm enorme valor sentimental e integram a idiossincrasia de um dado grupo vinculado a um dado ambiente.
Aqueles que vivem no interior do Brasil certamente conhecem a expressão "roubar goiaba", quem vai à praia costuma escrever na areia ou pegar conchas. No outono russo esse hábito é o de fazer uma coroa de folhas. É comum ver adultos e crianças colhendo folhas em parques, carregando-as no metrô... Geralmente vão parar na cabeça de belas garotas, embora alguns homens usem por brincadeira. 
No outono, mais do que em qualquer outra estação, constatei enorme quantidade de sessões fotográficas nas ruas da cidade.
A estátua do bom moço é a do poeta e escritor Yessenin, um dos favoritos dos russos. 



Есенин


По-осеннему кычет сова
Над раздольем дорожной рани.
Облетает моя голова,
Куст волос золотистый вянет.

Полевое, степное "ку-гу",
Здравствуй, мать голубая осина!
Скоро месяц, купаясь в снегу,
Сядет в редкие кудри сына.

Скоро мне без листвы холодеть,
Звоном звезд насыпая уши.
Без меня будут юноши петь,
Не меня будут старцы слушать.

Новый с поля придет поэт,
В новом лес огласится свисте.
По-осеннему сыплет ветер,
По-осеннему шепчут листья.